In Memoriam

O Mestre deixou-nos. O inevitável cumpriu-se.

Ele que personificou e foi dos mais ilustres representantes em absoluto da era de ouro da caça grossa em África e dos elefantes em particular. Falar hoje de caça em África e não referir José Pardal é um sacrilégio.

José Pardal imortalizou para sempre o nome Cambaco.

Cambaco é hoje sinónimo de África, Liberdade absoluta, Aventura, Maestria, Paixão … de pistear o Sonho Supremo. De um lendário modo de vida que hoje está vedado ao comum dos mortais.

O grande Mestre transmitiu muito nos seus livros, mas muito mais terá ainda ficado apenas com ele. Por isso, por essa noção, todos, mas todos nós, sem excepção, o idolatrávamos.

No final, e como é hábito, temos mais um caso de um filho pródigo da nação extremamente respeitado no estrangeiro, mas nos últimos anos completamente ignorado em Portugal. Numa rápida pesquisa na internet foi consternado que verifiquei como os dois principais sites de caça em Portugal, nem sequer noticiaram o seu falecimento. Que Deus lhes perdoe!

É sempre triste quando se sabe da morte de um grande caçador, mas do calibre de José Pardal ainda muito mais. Pelo caçador, pelas obras escritas, pela dimensão do homem.

Acredito que algures os Cambacos vivos de Moçambique tenham elevado as trombas alarmados no momento em que se esvaiu o último suspiro do Mestre. E nesse último suspiro talvez José Pardal ainda tenha também vislumbrado os momentos da sua última caçada no mato, acompanhado da esposa e dos filhos, até porque, de certeza, não muito longe dali, andaria um grande Cambaco.

Que o espírito de José Pardal possa repousar em paz e finalmente regresse agora às vastidões das matas moçambicanas, talvez possa reencontrar também o Jimo. O lugar certo e justo para homens como eles será sempre por lá, os trilhos e as caminhadas intermináveis certamente os aguardam…!

In, "Caça-Pureza Sublime : As jornadas angolanas" - Vol. II, Miguel Pereira, Edição de autor, Out/2014